Pesquisadores e produtores debatem na Embrapa infestação da mosca-de-estábulo O deputado estadual Marcio Fernandes (PTdoB), vice-líder do governo, representou a Assembleia Legislativa nesta manhã em reunião na Embrapa Gado de Corte para discutir a situação da infestação da mosca-de-estábulo (Stomoxys calcitrans), sobretudo, na região sul de Mato Grosso do Sul. Essa praga é semelhante à mosca-doméstica, porém, é hematófaga (alimenta-se de sangue), provocando feridas nos animais e transmitindo doenças. A reunião foi provocada pela Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul) e Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Estiveram presentes, respectivamente, o presidente e o vice-presidente das entidades mencionadas acima, Roberto Holanda e Eduardo Riedel. A reunião aconteceu na Embrapa e reuniu ainda pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), produtores e representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (Seprotur), Agência Estadual de Sanidade Animal e Vegetal (Iagro) e Sindicatos Rurais. Marcio Fernandes vai contribuir com a busca de alternativa para o problema encaminhando ofício aos presidentes das Comissões de Agricultura e Pecuária de todas as Assembleias Legislativas para que cada uma delas acione as bancadas federais dos seus respectivos Estados. O objetivo é sensibilizar o governo federal, via Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para que este realize campanhas em nível nacional de prevenção e providências com relação à infestação. Segundo os pesquisadores, o problema não atinge somente Mato Grosso do Sul, mas também outros Estados, como São Paulo, Paraná, Minas Gerais, causando maior prejuízo ao gado leiteiro. O primeiro-secretário da Mesa Diretora da Assembleia, deputado Ary Rigo (PSDB), disse que “Marcio Fernandes tem toda a autonomia da Mesa [Diretora] para representar a Assembleia no encaminhamento dessas questões”. Segundo Eduardo Riedel, a preocupação da Famasul é com o impacto econômico que a infestação pode produzir de modo geral, sem gerar impasse entre as atividades econômicas – a pecuária e a indústria sucroalcooleira. É que o vinhoto, resíduo da fabricação do açúcar, e os resíduos da própria cana formam um dos substratos propícios à proliferação da mosca-de-estábulo. E sabe-se que a mosca faz a postura num raio de até 11 km, portanto, a proximidade de usinas pode afetar diretamente a pecuária. O pesquisador Ivo Bianchin disse que a mosca é comum nas três Américas, sendo uma praga veterinária cíclica, como a mosca-do-chifre foi durante décadas. Segundo ele, o mais importante é controlar a proliferação da mosca-de-estábulo; disse ainda que hoje não se sabe qual inseticida é eficaz contra esta praga, portanto, o uso indiscriminado de inseticidas somente provoca a resistência da mosca, além de provocar desequilíbrio ambiental ao destruir possíveis parasitas da larva da mosca. Bianchin reiterou que a melhor estratégia é o manejo e o controle. O pesquisador Wilson Werner Koller lembrou que o problema da infestação da mosca não é só atribuído a produção da cana-de-açúcar, mas a todo resíduo orgânico úmido, que é ambiente propício para que a mosca se multiplique. Ele menciona como exemplos de locais que servem de substrato para a proliferação da mosca confinamentos, usinas, aviários etc. “O controle tem que ser feito no tratamento da palhada, modificando o ambiente e o tornando inadequado para a mosca”, disse ainda. Outro pesquisador, João Batista Catto, acrescentou que o problema se deve também ao regime pluviométrico deste ano, ou seja, o problema se agravou com o excesso de chuvas. Fernando Paiva, pesquisador da UFMS, disse que a expansão da indústria sucroalcooleira é inevitável, provocando consequentemente a ampliação da área de confinamentos. Disse que há necessidades emergenciais de controle, mas que não deve ser feito através de inseticidas, devido aos motivos já citados. O deputado Rigo acredita que a mosca era menos ativa quando a cana era queimada. Segundo ele, um boi adulto perde até meio quilograma por dia em sua propriedade no município de Dourados, que é próxima de uma usina, em decorrência do ataque da mosca. Rigo recomenda que as usinas devam usar técnicas de distribuição do vinhoto para que não seja propício à proliferação da mosca. Fotos: Marco Miatelo. Legenda: Marcio Fernandes representou a Assembleia Legislativa na reunião na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande. Alcindo Rocha Ass. dep. Marcio Fernandes (67) 3326-4102 / 8406-2105 Acesse www.deputadomarciofernandes.com.br